Editorial
Resumo
É com prazer que publicamos mais um número da Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos (RBEP) . Com mais de 70 anos de história, o periódico tem se consolidado, cada vez mais, como um veículo de socialização da produção acadêmica do campo da educação no Brasil. Como expressão desse movimento, recentemente a RBEP foi indexada no Directory of Open Access Journals (DOAJ), o que lhe permitirá maior visibilidade na comunidade internacional.Esta edição de número 244 expressa a pluralidade temática, teórica e metodológica característica da área que, por sua própria configuração, está frequentemente aberta à contribuição de olhares interdisciplinares.Os artigos publicados neste número podem ser reunidos em três conjuntos. O primeiro trata da educação escolar e de seus sujeitos – alunos e professores. Entre os artigos que focalizam os alunos como sujeitos, o leitor poderá compreender melhor o processo de transição da educação infantil para o ensino fundamental, a partir do olhar dos próprios meninos e meninas. Poderá, também, entender as representações sociais dos alunos do 9º ano sobre o estudo e o desempenho de suas escolas no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), assim como conhecer as estratégias e os procedimentos utilizados por crianças do ciclo de alfabetização diante de situações-problema que envolvem as ideias de número e do próprio sistema de numeração decimal, habilidades previstas nas avaliações sistêmicas. Entre os artigos que focalizam os professores, o leitor encontrará um estudo, também relativo à educação matemática, que busca analisar os efeitos de um processo de formação continuada de professores que abordou problemas combinatórios. Há, ainda, uma análise sobre a formação escolar e a prática de professoras das classes populares, baseada em memoriais acadêmicos. A formação dos professores é também tema do artigo que abre o número, o qual trata da educação de jovens e adultos na América Latina.Esse primeiro conjunto de textos nos fornece elementos, portanto, para nos aproximarmos das lógicas dos sujeitos que dão concretude às práticas pedagógicas vivenciadas cotidianamente nas escolas. Essa aproximação é essencial para que nos afastemos do discurso prescritivo, do “dever ser”, que por muito tempo caracterizou a produção acadêmica na área de educação e pouco contribuiu para a compreensão rigorosa da realidade social. Os artigos do segundo conjunto abordam processos educativos não escolares e/ou trazem reflexões sobre práticas que se situam na interface entre aspectos da cultura popular e a escola. Mas, na verdade, do que estamos falando quando utilizamos a expressão “educação não escolar”? Essa é a temática de um desses artigos – um ensaio teórico. O leitor também encontrará uma análise das pesquisas recentes que vêm sendo publicadas sobre educação em museus de ciências e uma reflexão sobre o papel que pode ser desempenhado pelo jogo “tradicional-popular” na escola. Embora essas relações entre processos educativos não formais e a escola sejam objeto de debate na área há muitas décadas, esses textos certamente contribuirão para lançar novas perspectivas sobre a temática.O terceiro conjunto de artigos é resultado de pesquisas documentais sobre questões educacionais do século 20. O primeiro problematiza um tema ainda pouco investigado na área de história da educação: o perfil dos alunos internos no ensino profissional agrícola federal mantido pelo Ministério da Agricultura em Sergipe (1934-1967). O segundo, resultado de uma pesquisa de fontes primárias realizada nos Archives Jean Piaget, na Suíça, busca elucidar como Piaget elaborou e utilizou a noção de schème na sua obra. Trazem, portanto, temáticas que estão na ordem do dia das reflexões contemporâneas sobre educação: a educação do campo e a melhor compreensão da obra de um dos autores que mais impacto tem causado nos discursos e nas práticas educacionais no Brasil nas últimas décadas.Esperamos que a leitura dos trabalhos reunidos neste número resulte em uma compreensão mais rigorosa dos processos educativos – condição para uma ação mais consistente – e instigue os leitores a realizar novas pesquisas que consolidem, cada vez mais, a produção científica na área de educação.Downloads
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Publicado
24-02-2016
Como Citar
CIENTÍFICA, E. Editorial. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, v. 96, n. 244, 24 fev. 2016.
Edição
Seção
Editorial
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