A caixa-preta do cotidiano e a escrita da história da arquitetura e do urbanismo escolar: relatórios de APO como fontes de interpretação
Resumo
O artigo parte de uma reflexão sobre a escrita da história da arquitetura e do urbanismo escolar para localizar uma lacuna historiográfica na ausência de abordagens que considerem as formas de uso e ocupação do espaço como categoria de interpretação. Identificadas nas práticas escolares cotidianas, essas formas caracterizam o equipamento escolar enquanto lugar produzido e vivido coletivamente ao longo do tempo. Elas são responsáveis por uma produção espacial silenciosa, com dimensão educativa tão impactante na escolarização quanto o projeto de arquitetura e urbanismo. Para tecer essa argumentação, mobiliza-se a ideia de caixa-preta do cotidiano, tendo em vista as notações sobre o comportamento infantil presentes em relatórios de avaliação pós-ocupação (APO), realizadas em escolas da cidade do Rio de Janeiro. A leitura demonstra que, por meio deles, é possível provocar a história da arquitetura e do urbanismo escolar a navegar por outras camadas interpretativas, para além daquelas centradas em agentes, políticas, instituições e seus produtos. A despeito da inquestionável necessidade de infraestruturas adequadas à escolarização, independentemente delas, práticas pedagógicas aliadas às astúcias infantis produzem ambiências que informam sobre a capacidade criadora contida no trabalho docente e nas culturas da infância. O resultado enseja flanco para problematizar o impacto das formas de uso e ocupação do equipamento escolar comum sobre a formação infantil, assim como o desenho de políticas públicas voltadas à sua manutenção.
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