“Eu gosta muito de jogo”: apropriação da escrita de verbos por alunos surdos
Resumo
O aprendizado da morfologia verbal da língua portuguesa (LP) como segunda língua por surdos tem sido apontado como um dos grandes desafios na apropriação da escrita. Para compreender melhor a escrita de verbos por esses sujeitos, Rocha-Toffolo (2022a) analisou textos produzidos por 17 alunos do ensino fundamental II, com o objetivo de identificar, categorizar e refletir sobre os principais desvios na produção dos verbos. Observou-se que as maiores ocorrências relacionadas à escrita inadequada de verbos foram relativas às dificuldades na flexão verbal de pessoa e tempo e ao uso de verbos no infinitivo e de locuções verbais. Algumas hipóteses que podem justificar tais dificuldades foram levantadas, e apresentaram-se três questões que repercutem na escrita dos alunos surdos: 1) a ausência de uma primeira língua consolidada que sirva de base para a entrada no processo de alfabetização no português escrito como segunda língua; 2) a limitação de conhecimentos prévios sobre a língua oral; e 3) o pouco domínio do vocabulário da língua portuguesa. Considerando que a percepção e o processamento da LP escrita por surdos são basicamente visuais, recomenda-se que o ensino seja estruturado com base no letramento visual e no uso de estratégias que visem aprimorar as habilidades de consciência morfológica. Espera-se que os resultados e as reflexões apresentadas possam auxiliar no entendimento sobre as dificuldades na escrita de verbos por surdos e contribuir na elaboração de práticas didáticas adequadas a essa população.
Downloads
Copyright (c) 2025 Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos

This work is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0 International License.
A aceitação do artigo implica automaticamente a cessão de seus direitos autorais ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
A Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos adota, desde 2016, a licença CC-BY.
A reprodução total ou parcial dos artigos da Revista é permitida desde que citada a fonte de publicação original e o link para a licença CC BY 4.0 e que sejam indicadas eventuais alterações no texto.