Enem e o discurso da oportunidade como retórica salvacionista da educação

  • Simone Gonçalves da Silva Universidade Federal de Pelotas (UFPel)
  • Álvaro Moreira Hypolito Universidade Federal de Pelotas (UFPel)
Palavras-chave: comunicação e educação; discursos; Enem; governamentalidade

Resumo

A partir de noções foucaultianas, como discurso e governamentalidade, são analisados vídeos oficiais sobre o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), mostrado como um modo de regulação que ajuda a organizar a vida em sociedade, como uma fabricação do ser e do estar no mundo. O corpus discursivo selecionado envolve dez vídeos oficiais a partir de 2009. A pesquisa intencionou identificar como os discursos desses vídeos sobre o Enem se constituem em estratégias de governamentalidade, definem normas de controle de conduta e produzem modos de subjetivação. Destaca análises que identificam o Enem como uma governamentalidade neoliberal, sustentada por uma série de discursos e práticas discursivas colocadas em movimento pelos recursos midiáticos. Além disso, o texto indica um discurso sobre os sujeitos por meio da ideia de “oportunidade”, que está na ordem do discurso neoliberal, como discurso salvacionista e empreendedor da educação.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Simone Gonçalves da Silva, Universidade Federal de Pelotas (UFPel)

Doutora em Educação pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e também professora adjunta do Programa de Pós-Graduação em Educação dessa Universidade. Integra o Grupo de Pesquisa em Gestão, Currículo e Políticas Educativas vinculado ao Centro de Estudos em Políticas Educativas (CEPE) da FAE/UFPel.

silva.simone@ufpel.edu.br

Álvaro Moreira Hypolito, Universidade Federal de Pelotas (UFPel)

Doutor em Educação pela Universidade de Wisconsin (UW), é professor titular do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Coordenador do Centro de Estudo em Políticas Educativas (CEPE); Bolsista do CNPq 1D.

hypolito@ufpel.edu.br

Referências

BALL, S. J. Aprendizagem ao longo da vida, subjetividade e a sociedade totalmente pedagogizada. Educação, Porto Alegre, v. 36, n. 2, p. 144-155, maio/ ago. 2013a.

BALL, S. J. Novos Estados, nova governança e nova política educacional. In: APPLE, M. W.; BALL, S. J.; GANDIN, L. A. (Org.). Sociologia da educação: análise internacional. Porto Alegre: Penso, 2013b. p. 177-189.

BALL, S. J. Educação Global S.A.: novas redes políticas e o imaginário neoliberal. Tradução de Janete Bridon. Ponta Grossa: Editora UEPG, 2014.

BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Portaria nº 109, de 27 de maio de 2009. Estabelece a sistemática para a realização do Exame Nacional do Ensino Médio no exercício de 2009 (Enem/2009) como procedimento de avaliação do desempenho escolar e acadêmico dos participantes. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 28 maio 2009. Seção 1, p. 56.

BRASIL. Ministério da Educação (MEC). Portaria nº 438, de 28 de maio de 1998. Institui o Exame Nacional do Ensino Médio – Enem. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 1 jun. 1998. Seção 1, p. 5.

ELLSWORTH, E. Modos de endereçamento: uma coisa de cinema; uma coisa de educação também. In: SILVA, T. T. (Org.). Nunca fomos humanos: nos rastros do sujeito. Belo Horizonte: Autêntica, 2001. p. 7-76.

FOUCAULT, M. O sujeito e o poder. In: DREYFUS, H. L.; RABINOW, P. Michel Foucault: uma trajetória filosófica: para além do estruturalismo e da hermenêutica. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995. p. 231-249.

FOUCAULT, M. O nascimento da biopolítica. São Paulo: Martins Fontes, 2008a.

FOUCAULT, M. Segurança, território, população. São Paulo: Martins Fontes, 2008b. (Coleção Tópicos).

FOUCAULT, M. Do governo dos vivos: curso no Collège de France, 1979-1980 (excertos). Organização: Nildo Avelino. 2. ed. Rio de Janeiro: Achiamé, 2011.

GADELHA, S. Biopolítica, governamentalidade e educação: introdução e conexões a partir de Michel Foucault. Belo Horizonte: Autêntica, 2009.

GARCIA, M. M. A. O intelectual educacional e o professor críticos: o pastorado das consciências. Currículo sem Fronteiras, [S. l.], v. 2, n. 2, p. 53-78, jul./dez. 2002.

NOGUERA-RAMÍREZ, C. E. Pedagogia e governamentalidade: ou Da Modernidade como uma sociedade educativa. Belo Horizonte: Autêntica, 2011. (Estudos Foucaultianos).

SILVA, S. G. Governamentalidade neoliberal, educação e modos de subjetivação: o discurso do Enem. 2018. 218 f. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2018.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS (UFPel). Centro de Estudos em Políticas Educativas (Cepe). Vídeos da tese Governamentalidade neoliberal, educação e modos de subjetivação: o discurso do Enem. [Pelotas, 2021]. Disponível em: <https://wp.ufpel.edu.br/cepe/publicacoes/videos/>. Acesso em: 4 nov. 2021.

VEIGA-NETO, A. Governo ou governamento. Currículo sem Fronteiras, [S. l.], v. 5, n. 2, p.79-85, jul./dez. 2005.

Publicado
30-12-2021
Seção
Pontos de vista - O que pensam outros especialistas?