As falas sobre a fraude: análise das notícias sobre casos de fraudes nas cotas raciais em universidades em Minas Gerais
Resumo
Este artigo apresenta uma pesquisa empírica com o objetivo de compreender como os casos de fraudes nas cotas para negros(as) – pretos(as) e pardos(as) – e indígenas foram veiculados nos sites dos grandes jornais de Minas Gerais. Utilizamos análise de conteúdo (Bauer, 2002) como ferramenta metodológica e buscamos identificar as fontes mobilizadas e os discursos que circularam nos textos midiáticos sobre a infringência à legislação. Para entender os argumentos que circularam por meio das notícias analisadas, examinamos literatura acerca do debate sobre formação da identidade (Taylor; Gutmann, 1998) e ações afirmativas no Brasil (Daflon; Feres Júnior, 2012; Santos, 2015), bem como a ideia de dispositivo midiático (Antunes; Vaz, 2006). Agrupamos as fontes ouvidas pelos jornais em sete categorias: movimento negro e denunciantes, advogados, entidades estudantis, governo federal, especialistas, suspeitos(as) de fraudes e universidades. Como resultado, observamos que as pessoas suspeitas de fraude justificam a autodeclaração como pardas devido à origem/ ascendência familiar, enquanto especialistas e ativistas apontam que a aparência étnico-racial (resumidamente o conjunto de características fenotípicas) é o indicativo para a classificação racial, dada a vivência do racismo no Brasil.
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