Abrimos esta edição com artigo que, tendo como fonte a obra de John Dewey – Como Pensamos (1933) –, se propõe a analisar a relação entre o cultivo do pensamento reflexivo e o crescimento da liberdade individual. Em tempos de rápidas transformações sociais e superação científica de conhecimentos tidos como válidos, postos em uma reconstrução constante, tempos em que, no mundo social e no mundo das ciências, há uma problematização dos caminhos encetados e uma procura de alternativas para o viver e o conviver, tempos que autores chamam de “gelatinosos”, é, sem dúvida, relevante discutir a importância do pensamento reflexivo e seu papel numa sociedade em que as imagens e o consumo (o exibicionismo nas mídias) se tornam mais relevantes do que a reflexão, a compreensão e a solidariedade humana, e trazer aos educadores e outros interessados os argumentos que fundamentam a defesa do uso do pensar como constitutivo da liberdade. Como é concluído no artigo, “ao advogar que, uma vez tendo a humanidade o domínio científico das forças naturais e a compreensão das suas condições reais de existência, a responsabilidade da direção da espécie humana deixa de ser arbitrária e irrefletida e passa a ter a possibilidade de ser autônoma (de governar a si própria), John Dewey pode ser considerado um defensor da liberdade. Pois ele destaca a espécie humana da marcha parcialmente aleatória e cega da mera luta pela sobrevivência e a eleva a uma condição capaz de assumir a direção racional e deliberada dessa mesma marcha”. A educação assume, nessa direção, papel mais do que relevante, uma vez que é por meio dela que mediações são construídas para propiciar aprendizagens significativas a crianças e jovens, em suas formas peculiares de desenvolvimento, no mundo de hoje. Seu papel essencial é o de abrir para o mundo do pensamento o interesse das novas gerações, assim, o sentido do trabalho escolar, tomado como mediador do contato e da elaboração cultural em diferentes setores – não só de conhecimento, mas também da vida moral e social –, passa a ser o da construção desse pensamento como base de liberdade e de seu exercício responsável.

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Publicado: 01-01-2014

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