As obras produzidas para crianças e jovens sempre estiveram permeadas pelas concepções e visões que cada sociedade possui sobre a infância e a juventude. No século 19, por exemplo, predominava, na Europa, a visão segundo a qual a criança é um ser frágil que precisa ser cuidado e educado, e, por essa razão, grande parte das obras literárias produzidas para ela, naquela época, estavam dotadas de intenções morais, didáticas e pedagógicas explícitas. Já no século 20, essa visão vai mudando paulatinamente, e a criança passa a ser vista como um sujeito ativo e curioso, cuja criatividade e autonomia devem ser estimuladas. Se, por um lado, essa perspectiva abriu espaço para uma maior autonomia da fruição propriamente estética por parte do público infantojuvenil, por outro, diferentes visões sobre infâncias e juventudes na atualidade ainda geram controvérsias sobre o que deve ser apresentado literariamente a crianças e jovens, tanto no contexto escolar quanto fora dele.